domingo, 18 de janeiro de 2015


O Jornal “Cinco Quinas” publicou no passado dia 15 de Janeiro o seguinte artigo sobre a ampliação do parque eólico

 


16 Janeiro, 2015


A população de Malcata parece estar dividida quanto à ampliação de um parque eólico, enquanto uns consideram que essa situação irá colocar em causa a qualidade de vida e bem-estar dos habitantes, outros afirmam, no entanto, que o que está em causa são interesses e possíveis proveitos que não chegaram a ser alcançados.

O Movimento Pró-Futuro, que representa parte da população de Malcata, defende que a instalação de mais seis aerogeradores na freguesia, na qual já existem 19, irá piorar o nível de impacto visual e sonoro. Estes habitantes dizem ainda que o projeto não apela à necessidade de envolver minimamente as comunidades locais, associações e proprietários, estando em causa o seu supremo bem-estar, a sua qualidade de vida, o futuro da sua aldeia. Realçando que, com 19 aerogeradores, a população de Malcata já dá um contributo significativo para a estratégia nacional de combate às alterações climáticas, sem contrapartidas económicas para a economia local e tem todo o direito de continuar a viver, condignamente, na sua terra. Destacando também que este projeto previsto representa um desrespeito pelas diretivas relacionadas com a Rede Natura 2000.
Depois de reunidos com a população e Junta de Freguesia de Malcata foi deliberado rejeitar o investimento energético. Já depois disso, o Movimento anunciou que apresentou queixa à Comissão Europeia sobre o Estado Português, por não terem obtido resposta por parte das autoridades nacionais sobre este assunto.
Para o Movimento Pro-Futuro só existem três alternativas a considerar: a não instalação; deslocalização; troca de opção de investimento, em sobreequipamento, por outra, menos impactante e que, ainda por cima, trará mais-valia ao sistema elétrico, como é, por exemplo, o armazenamento.   E lançam a questão: No perímetro de Malcata existe actualmente dois empreendimentos (barragem do Sabugal e PE de 19 aerogeradores), ambos altamente impactantes e que, em termos energéticos, operam separadamente, de costas voltadas, sem qualquer sinergia de exploração. Então porque não se estuda, como alternativa, à ampliação do PE com mais SEIS aerogeradores, a transformação da central hidroelétrica em central reversível, para turbinar ou bombar, entre as duas albufeiras (Sabugal e Meimão)? Em presença de excesso de vento e de energia seria utilizado o modo bombagem e em situação de vento reduzido ou carência de energia o modo turbinamento. Então se existem soluções porque não foram consideradas pela Declaração de Impacto Ambiental emitida pela Agência Portuguesa do Ambiente?
Mas sobre esta questão, também há populares que defendem que “em jogo” está o fato de muitos não terem conseguido tirar proveito económico desta situação.

- “Isto que está a acontecer é mesquinho e não tem razão para tanto alarido, pois o problema está desde a instalação do primeiro aerogerador na freguesia. Falava-se na altura, quando os começaram a colocar, que até seria uma mais-valia para o local, que os terrenos abandonados iriam dar lucro e os proprietários iriam tirar partido dos seus terrenos e o local seria valorizado. No entanto, as coisas não são vistas da mesma forma por toda a gente, porque é muito simples: uns tiram partido disso, porque recebem dinheiro, e outros não. Os que não têm proveitos acabam por ficar invejosos dos que beneficiam de alguma coisa e daí todo este alvoroço, aproveitando-se de tudo para reivindicar. Só o fato de vir algum dinheiro para a aldeia já é para mim uma mais-valia. Se a poluição está por aí e se nós tivermos que dar um contributo para que o país e o governo não tenham que desperdiçar dinheiro para o estrangeiro, e assim ficar dentro do país, porque não dar esse contributo? Há uma série de anos que as coisas estão por aí e ninguém se queixou de nada, mas como haveria pessoas que certamente estavam à espera de serem contempladas com alguma coisa e acabaram por não ser, chegou a hora de se juntarem meia dúzia deles e reivindicar…e é o que se vê”.

 - “Não estou a favor do Movimento, pois tenho alguns conhecimentos. Dizerem que os aerogeradores fazem muito barulho na povoação não é bem assim, e só as pessoas que vivem mais perto é que poderão ouvir alguma coisa. Isto estão interesses envolvidos. Fala-se por aí que houve pessoas que compraram terrenos com a intenção de lá lhe colocarem os equipamentos, mas isso não aconteceu. Também se diz que o dinheiro prometido pelos terrenos ficou a cerca de metade do dinheiro prometido. Outro problema surgiu ainda quando os proprietários dos terrenos começaram a receber as cartas das Finanças com o IRS para pagar, pois quando andaram aqui a angariar os terrenos diziam que pagavam tudo isso, mas parece que essa parte está a ser ultrapassada. Isto é tudo uma questão de números”.

- “Sou contra a ampliação do parque, porque isto realmente é uma barulheira, de noite então é demais, e ainda querem colocar os aerogeradores mais perto? Não pode ser. Com esse ruído todo haveria noites que teríamos que ir viver para outra aldeia, pois até dentro de casa se ouve barulho. Se ainda houvesse alguma contrapartida para a freguesia, uma vez que sofremos este incómodo ao menos tirássemos algum proveito para a aldeia. Mas nem isso. Isto não é admissível, nós não aceitamos esta ampliação e vamos até ao fim”.

- “Não estou de acordo com esta ampliação, pois já demos o nosso contributo, o impacto visual e sonoro só iria piorar com a instalação de mais seis aerogeradores, que, segundo consta, ainda são mais potentes”.

Em causa está a ampliação do denominado projeto de “Sobreequipamento do Parque Eólico de Penamacor 3B”, previsto para ocupar áreas das freguesias de Malcata (Sabugal) e Meimão (Penamacor).

CQ

8 Contra – argumentos do Movimento

1)      Sejamos claros:  o Movimento "Malcata Pro-futuro" opõe-se à ampliação.  Somos um grupo de cidadãos que, em plena cidadania, escolheu um modo de oposição, civilizado, argumentativo;

2)      Apresentamos, com toda a franqueza, os nossos argumentos.  Aceitamos, como até agradecemos, o contraditório. Apenas pedimos elevação no debate e ausência de argumentos pessoais ou deselegantes, como seja, o de que a motivação do protesto, de alguns, é a inveja;

3)      Os 19 aerogeradores foram instalados sem qualquer oposição, num total desrespeito pelo supremo interesse geral da população. Uma desconsideração inaceitável nos dias de hoje!

4)      Felizmente aconteceu que, para muitos moradores, e não para meia dúzia, o copo transbordou e decidiram dizer BASTA!

5)      Não é verdade que o Movimento são meia dúzia. Relembramos que os três abaixo assinados foram assinados por, respectivamente, 61, 43 e 107 pessoas, todas residentes. A população de Malcata não está dividida porque diz maioritariamente NÃO à ampliação do Parque Eólico;

6)      A mais-valia local resume-se a umas migalhas que alguns recebem pelo arrendamento dos terrenos, tendo por trás uma intermediação que se apropria com 50%, de uma forma amoral, oportunista e de legalidade muito duvidosa…

7)     A menos –valia local é substantiva e determinante, em termos de ruido, de paisagem, fauna, flora, desvalorização de activos (casa, terrenos, ..) e todos os malcatenhos são afetados pelo PE.

8)     A paisagem é de todos e não exclusivo de proprietários de terrenos.

1 comentário:

  1. Li o texto publicado pelo Cinco Quinas sobre as obras de ampliação do Parque Eólico de Penamacor ( Sub-Parque 3B ). E que conclusão tiro do artigo? Querem fazer crer que o povo de Malcata, afinal, está dividido e a maioria até a favor da obra. Ora estamos perante uma notícia que não reflecte toda a verdade. Claro que há pessoas em Malcata que são a favor. E também se sabe que há pessoas que são contra. E não é uma, não são seis ou sete ou aquele grupo de malcatenhos que se juntaram e deram voz aos que não a têm, constituindo um movimento a que chamaram "Malcata Pró-Futuro" e por decisão popular em reunião pública, foram mandatados para defender o futuro da nossa aldeia. Até agora, nunca as pessoas do "Malcata Pró-Futuro"foram indelicados ou usaram argumentos violentos para justificar as suas razões de estarem contra a colocação de mais 6 aerogeradores eólicos à volta de Malcata. Mais: têm sido contactados pelos meios de comunicação social, nomeadamente, as televisões da SIC e RTP, a fim de expressarem o seu descontentamento e dar a conhecer ao país que em Malcata residem pessoas que têm direito a viver num ambiente tranquilo, limpo e que merecem respeito por assim desejarem viver e quererem o mesmo para as gerações futuras.
    O Movimento "Malcata Pró-Futuro" é o representante de muitos malcatenhos. Ou as pessoas assinaram só porque sim, ora vamos lá assinar e depois somos contra?!
    Todos somos poucos para defender Malcata, as pessoas de Malcata e o futuro da nossa terra. Os poderosos e os lobbys das eólicas apenas desejam o lucro e muitas vezes não lhes interessa o modo com o alcançam, nem que para isso tenham que instalar torres eólicas onde nem são precisas. O dinheiro sempre deu cabo de muitos cérebros e tem sido a causa de muitas desgraças. Quando se constrói uma barragem, se constrói um parque eólico e se tem uma Reserva Natural que apelidaram "casa"do lince e com tudo isto se limitam os direitos dos malcatenhos e só têm deveres a cumprir, sem receber os benefícios na mesma proporção, estamos perante um acto de terrorismo, um verdadeiro atentado à vida, em especial dos que vivem na nossa terra querida a que deram o nome Malcata.
    Somos todos Malcata.
    Os que vivem na aldeia e todos aqueles que habitam e trabalham, mas nasceram aos pés da Serra da Malcata e se sentem malcatenhos.
    Todos somos poucos e todos somos precisos para defender os nossos direitos humanos e de cidadãos livres.

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