O
Jornal “Cinco Quinas” publicou no passado dia 15 de Janeiro o seguinte artigo
sobre a ampliação do parque eólico
16 Janeiro, 2015
A população de Malcata parece estar
dividida quanto à ampliação de um parque eólico, enquanto uns consideram que
essa situação irá colocar em causa a qualidade de vida e bem-estar dos
habitantes, outros afirmam, no entanto, que o que está em causa são interesses
e possíveis proveitos que não chegaram a ser alcançados.
O Movimento Pró-Futuro, que representa
parte da população de Malcata, defende que a instalação de mais seis
aerogeradores na freguesia, na qual já existem 19, irá piorar o nível de
impacto visual e sonoro. Estes habitantes dizem ainda que o projeto não apela à
necessidade de envolver minimamente as comunidades locais, associações e
proprietários, estando em causa o seu supremo bem-estar, a sua qualidade de
vida, o futuro da sua aldeia. Realçando que, com 19 aerogeradores, a população
de Malcata já dá um contributo significativo para a estratégia nacional de
combate às alterações climáticas, sem contrapartidas económicas para a economia
local e tem todo o direito de continuar a viver, condignamente, na sua terra.
Destacando também que este projeto previsto representa um desrespeito pelas
diretivas relacionadas com a Rede Natura 2000.
Depois de reunidos com a população e Junta de Freguesia de Malcata foi
deliberado rejeitar o investimento energético. Já depois disso, o Movimento
anunciou que apresentou queixa à Comissão Europeia sobre o Estado Português,
por não terem obtido resposta por parte das autoridades nacionais sobre este
assunto.
Para o Movimento Pro-Futuro só existem três alternativas a considerar: a não
instalação; deslocalização; troca de opção de investimento, em
sobreequipamento, por outra, menos impactante e que, ainda por cima, trará
mais-valia ao sistema elétrico, como é, por exemplo, o
armazenamento. E lançam a questão: No perímetro de Malcata existe
actualmente dois empreendimentos (barragem do Sabugal e PE de 19
aerogeradores), ambos altamente impactantes e que, em termos energéticos, operam
separadamente, de costas voltadas, sem qualquer sinergia de exploração. Então
porque não se estuda, como alternativa, à ampliação do PE com mais SEIS
aerogeradores, a transformação da central hidroelétrica em central reversível,
para turbinar ou bombar, entre as duas albufeiras (Sabugal e Meimão)? Em
presença de excesso de vento e de energia seria utilizado o modo bombagem e em
situação de vento reduzido ou carência de energia o modo turbinamento. Então se
existem soluções porque não foram consideradas pela Declaração de Impacto
Ambiental emitida pela Agência Portuguesa do Ambiente?
Mas sobre esta questão, também há populares que defendem que “em jogo” está o
fato de muitos não terem conseguido tirar proveito económico desta situação.
- “Isto que está a acontecer é mesquinho
e não tem razão para tanto alarido, pois o problema está desde a instalação do
primeiro aerogerador na freguesia. Falava-se na altura, quando os começaram a
colocar, que até seria uma mais-valia para o local, que os terrenos abandonados
iriam dar lucro e os proprietários iriam tirar partido dos seus terrenos e o
local seria valorizado. No entanto, as coisas não são vistas da mesma forma por
toda a gente, porque é muito simples: uns tiram partido disso, porque recebem
dinheiro, e outros não. Os que não têm proveitos acabam por ficar invejosos dos
que beneficiam de alguma coisa e daí todo este alvoroço, aproveitando-se de
tudo para reivindicar. Só o fato de vir algum dinheiro para a aldeia já é para
mim uma mais-valia. Se a poluição está por aí e se nós tivermos que dar um
contributo para que o país e o governo não tenham que desperdiçar dinheiro para
o estrangeiro, e assim ficar dentro do país, porque não dar esse contributo? Há
uma série de anos que as coisas estão por aí e ninguém se queixou de nada, mas
como haveria pessoas que certamente estavam à espera de serem contempladas com
alguma coisa e acabaram por não ser, chegou a hora de se juntarem meia dúzia
deles e reivindicar…e é o que se vê”.
- “Não estou a favor do Movimento,
pois tenho alguns conhecimentos. Dizerem que os aerogeradores fazem muito
barulho na povoação não é bem assim, e só as pessoas que vivem mais perto é que
poderão ouvir alguma coisa. Isto estão interesses envolvidos. Fala-se por aí
que houve pessoas que compraram terrenos com a intenção de lá lhe colocarem os
equipamentos, mas isso não aconteceu. Também se diz que o dinheiro prometido
pelos terrenos ficou a cerca de metade do dinheiro prometido. Outro problema
surgiu ainda quando os proprietários dos terrenos começaram a receber as cartas
das Finanças com o IRS para pagar, pois quando andaram aqui a angariar os
terrenos diziam que pagavam tudo isso, mas parece que essa parte está a ser
ultrapassada. Isto é tudo uma questão de números”.
- “Sou contra a ampliação do parque,
porque isto realmente é uma barulheira, de noite então é demais, e ainda querem
colocar os aerogeradores mais perto? Não pode ser. Com esse ruído todo haveria
noites que teríamos que ir viver para outra aldeia, pois até dentro de casa se
ouve barulho. Se ainda houvesse alguma contrapartida para a freguesia, uma vez
que sofremos este incómodo ao menos tirássemos algum proveito para a aldeia.
Mas nem isso. Isto não é admissível, nós não aceitamos esta ampliação e vamos
até ao fim”.
- “Não estou de acordo com esta
ampliação, pois já demos o nosso contributo, o impacto visual e sonoro só iria
piorar com a instalação de mais seis aerogeradores, que, segundo consta, ainda
são mais potentes”.
Em causa está a ampliação do denominado
projeto de “Sobreequipamento do Parque Eólico de Penamacor 3B”, previsto para
ocupar áreas das freguesias de Malcata (Sabugal) e Meimão (Penamacor).
CQ
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Contra – argumentos do Movimento
1) Sejamos
claros: o Movimento "Malcata
Pro-futuro" opõe-se à ampliação.
Somos um grupo de cidadãos que, em plena cidadania, escolheu um modo de
oposição, civilizado, argumentativo;
2) Apresentamos,
com toda a franqueza, os nossos argumentos. Aceitamos, como até agradecemos, o
contraditório. Apenas pedimos elevação no debate e ausência de argumentos
pessoais ou deselegantes, como seja, o de que a motivação do protesto, de
alguns, é a inveja;
3) Os 19 aerogeradores foram instalados sem qualquer oposição,
num total desrespeito pelo supremo interesse geral da população. Uma desconsideração
inaceitável nos dias de hoje!
4)
Felizmente aconteceu que, para muitos moradores, e não para meia
dúzia, o copo transbordou e decidiram dizer BASTA!
5) Não é verdade que o Movimento são meia dúzia. Relembramos
que os três abaixo assinados foram assinados por, respectivamente, 61, 43 e 107
pessoas, todas residentes. A população de Malcata não está dividida
porque diz maioritariamente NÃO à ampliação do Parque Eólico;
6)
A mais-valia local resume-se a umas migalhas que alguns recebem pelo
arrendamento dos terrenos, tendo por trás uma intermediação que se apropria
com 50%, de uma forma amoral, oportunista e de legalidade muito duvidosa…
7) A menos –valia local é substantiva e determinante, em termos de ruido, de paisagem, fauna, flora, desvalorização
de activos (casa, terrenos, ..) e todos os malcatenhos são afetados pelo PE.
8) A
paisagem é de todos e não exclusivo de proprietários de terrenos.